O caso Patrícia Lélis versus Marco Feliciano ganhou mais um
capítulo na noite desta quarta (18). A estudando de 22 anos foi a convidada do
Superpop, apresentado por Luciana Gimenez na RedeTV!. Por mais de uma hora a
jovem respondeu perguntas e contou sua versão dos fatos envolvendo agressão e
uma suposta tentativa de estupro no dia 15 de junho em Brasília, bem como os
dias que alega ter sido sequestrada em São Paulo.
As acusações dela contra o parlamentar são bem conhecidas e
vem sendo abordadas exaustivamente pela mídia desde o início do mês. Várias
vezes ela tentou explicar as “falhas” da sua narrativa, conforme foram
mostradas no programa Conexão Repórter que foi ar domingo (18).
O Superpop originalmente colocaria frente a frente Patrícia
Lélis e Sara Winter, que pertenciam ao mesmo grupo dentro da Juventude do PSC,
partido de Feliciano. Contudo, Sara decidiu não ir atendendo orientação da
sigla. Em seu lugar, foi convidada outra ativista conhecidas nas redes sociais:
Kelly Bolsonaro, que vem prometendo “desmascarar” Patrícia há semanas.
Ao saber que Kelly estaria no programa, Lélis se negou a
entrar no palco enquanto a agora rival não fosse embora, pois não debateria com
ela. O vídeo dos bastidores do Superpop onde a produção pede que Bolsonaro vá
embora e não participe pois essa era uma condição imposta por Patrícia foi
postado no Facebook por Kelly.
Resolvida a situação, Patrícia Lélis entrou sozinha para
conversar com Luciana Gimenes sobre o caso. O convidado especial foi Jorge
Lordello, apresentador do programa policial Operação de Risco, da mesma
emissora. Logo no início foi apresentada uma versão resumida da história, que
começa desde que o congressista e a estudante se conheceram.
Diante das câmaras, Patrícia repetiu grande parte do que já
tinha dito em outras entrevistas. Contou que foi ao apartamento funcional para
uma reunião perto das 9 da manhã e foi surpreendida ao constatar que estava
sozinha. Teria então chamado pelo WhatsApp as pessoas de um grupo para avisar
que havia chegado lá, mas os outros não estavam.
“Ele me fez uma proposta de trabalho com salário de R$ 15
mil e disse que eu teria que ser amante dele. Tentei sair do apartamento e ele
me deu soco na boca e um chute na perna”, resumiu ela. Insiste ainda que só
escapou de ser estuprada por que uma mulher teria ouvido seus gritos e batido
na porta do apartamento. Quando o pastor foi atender, Patrícia diz que
aproveitou para fugir.
Logo em seguida, são mostradas as imagens do deputado
entrando para uma reunião com o Ministro da Educação aproximadamente às 9 da
manhã, mesmo horário em que Patrícia dizia estar sozinha com Feliciano no
apartamento. Ele saiu uma hora depois, conforme os vídeos das câmeras de
segurança. Na sequência, mais imagens provando que ele foi para a Câmara dos
Deputados participar de reuniões públicas.
Quando a apresentadora do programa a questiona como isso
seria possível, a resposta de Patrícia foi irônica: “Não sei, as vezes ele é
tão abençoado que Deus deu pra ele o poder da onipresença [estar em todos
lugares ao mesmo tempo]”.
Fazendo uma série de questionamentos que vem sendo
levantados desde que o caso veio a público, Jorge Lordello faz várias perguntas
que não foram respondidas de forma clara até agora. Foi questionado, por
exemplo, quem era a mulher que bateu na porta do apartamento e que nunca foi
identificada; o motivo de Patrícia não ter procurado a polícia no mesmo dia e
pedida que ela apresentasse as provas que diz ter, como a conversa no WhatApp
com o grupo e fotos das agressões no rosto.
Incapaz de responder com clareza, a estudante começou a
insistir na tese que a Polícia Federal precisa investigar o caso. Para ela,
somente assim poderá ficar provado que ela estava no mesmo lugar que o pastor
Marco na manhã do dia 15 de junho.
O Superpop exibiu os mesmos vídeos que circulam há semanas
na internet, onde Patrícia desmente o caso em duas oportunidades diferentes.
Questionada sobre isso, a estudante diz que foi coagida por Talma Bauer,
ex-chefe de gabinete de Marco Feliciano, a fazer as imagens. Ela insiste que
estava sendo ameaçada de morte por Bauer o tempo todo.
Contudo, as imagens de câmaras de circuito interno do hotel
comprovam que o “clima” entre Patrícia e Bauer era amistoso. Luciana demonstra
então estar confusa com o enredo, pois ao mesmo tempo que dizia estar sendo
ameaçada, Lélis continuava conversando com várias pessoas e nunca pede socorro.
Quando Patrícia começa a listar as outras pessoas envolvidas
na história, incluindo Arthur Mangabeira, Emerson Biazon e um rapaz que ela
chama de Marcelinho, Luciana não se conteve. “Você falou com Bauer, você falou
com outro etc. Você parece agente da KGB. Você não tava apavorada?”,
questionou. A resposta de Patrícia foi mais uma vez evasiva.
A assistente de palco Simone questionou se Patrícia mandou
matar Arthur, como ela aparece dizendo no vídeo. A jovem insiste que há um
“corte” e sua fala foi cortada. O principal argumento da estudante é que outras
pessoas negociaram em seu nome, contrariando tudo o que pode ser visto no
material gravado em secreto por Emerson e disponibilizado para a polícia e
colocado na internet.
A questão do dinheiro ainda é um dos grandes temas não
resolvidos. Seriam 300 mil reais, divididos em 6 “prestações” de 50 mil. A
primeira foi paga a Arthur Mangabeira, que ainda não foi encontrado pela
polícia. Embora Patrícia tenha dito que ‘abre’ suas contas bancárias, no dia em
que ela fez o BO em São Paulo havia 20 mil reais em espécie nas mãos de
Emerson, que mais tarde Bauer confessou ser dele e que fez o pagamento usando
de suas economias para evitar um “mal maior”.
O relato de Patrícia não convenceu a apresentadora, que mais
de uma vez afirmou ter dificuldade em acompanhar a narrativa. Ao falar sobre as
incongruências nos Boletins de Ocorrência, como o endereço errado dado por ela
ao falar do local do suposto crime, a jovem atribuiu o erro ao policial que
preencheu o documento.
Também se manifestou a advogada de Patrícia, que diz ter
provas contra Feliciano. Contudo, elas não foram apresentadas pelo Superpop. A
jurista explica que, por que o deputado tem foro privilegiado, o BO foi enviado
para o Supremo Tribunal Federal e que Procuradoria Geral da União poderá
denunciar Marco Feliciano. “Estamos convictos de que vai ser aceito”,
assegurou. Luciana insiste que a história ainda está confusa e a advogada
concordou.
É fato que muitos aspectos da narrativa estão nebulosos e
Feliciano até agora não conseguiu explicar do porquê Bauer teria oferecido
dinheiro – como é visto fazendo nos vídeos – para ocultar algo que não
aconteceu. Segundo Marcelo Carvalho, advogado do PSC entrevistado pelo
Superpop, o chefe de gabinete foi exonerado e não trabalha mais para o
parlamentar. Ele e Patrícia ainda podem ser indiciados pela polícia de São
Paulo pelo crime de extorsão.
No final da entrevista, Patrícia voltou a dizer que existem
“outros casos” que envolveriam Marco Feliciano e disse que as mulheres deveriam
fazer denúncias públicas, como ela está fazendo.
Logo após o encerramento do programa, Sara Winter, que foi
citada por Patrícia e sabidamente tinha ligações com ela, resolveu se
manifestar. Em um vídeo com mais de 30 minutos, contou sua versão dos fatos.
Reconheceu que as duas tiveram uma relação de amizade, mas
que estão rompidas. Vice-presidente do PSC Jovem, Winter lembrou que Lélis fez
acusações sérias sobre o presidente do partido, pastor Everaldo, mas que ele
nem estava em Brasília no dia 15 de junho, quando Patrícia afirmou que ele
ofereceu “um saco de dinheiro” pelo seu silêncio. Algo que não foi mencionado
durante o Superpop, mas dito por Patrícia em entrevistas.
Chamou Patrícia de “mentirosa compulsiva” e lista várias
ocasiões em que percebeu que ela contou histórias fantasiosas sobre si e sua
família. Sara também classificou-a de “perigosa”, desmentiu que a jovem tenha
sido militante do PSC e apresentou prints de conversas entre as duas, onde ela
pede que a polícia seja procurada e um Boletim de Ocorrência lavrado. Algo que
só foi acontecer 40 dias depois.
Fonte: gospelprime
Nenhum comentário:
Postar um comentário